Palmeira pupunha se destaca como matéria-prima do palmito

Entre os produtos florestais não madeireiros, a produção de palmito a partir da pupunha tem se destacado como alternativa viável para preservar espécies nativas da Mata Atlântica e como fonte de renda para pequenos e médio produtores. A pupunha é uma palmeira originária da região amazônica que permite a extração do palmito de forma sustentável e econômica.

Uma das plantações de pupunha bem-sucedidas do país está em Antonina, interior do Paraná. Com cerca de 600 mil metros quadrados de área plantada, a propriedade de Geraldo Geiri tem pelo menos 200 mil pés de pupunha, que gera a produção mensal de sete toneladas de palmito e abastece o mercado de Curitiba e região.

Cansado do mercado financeiro, Geiri conta que decidiu apostar na produção de palmito a partir da pupunha por influência da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Florestas.

“Eu queria sair do mercado financeiro, estudei um plano B e cheguei na questão da pupunha. Na época, quase ninguém plantava pupunha. Basicamente, os palmitos eram do extrativismo ilegal. Eu vi uma oportunidade, vi que o futuro da produção de palmito era pupunha”.

A aposta de Geiri deu certo. O investimento no cultivo de pupunha começou em 2005 e já em 2008, ele montou uma pequena indústria e começou a envasar e comercializar os palmitos do próprio cultivo.

“Realmente, é algo que deu certo, já me realizei como produtor rural. É uma pequena indústria. Faço basicamente só o palmito que eu produzo mesmo. Eu plantei 160 mil pés, produzi uns 130 mil pés e hoje eu vivo só da indústria e da plantação”.

Além de ter desenvolvido uma nova fonte de renda, Geiri comemora o ganho ambiental proporcionado pela plantação de pupunha. Quando comprou a propriedade, há 15 anos, o local era tomado por pasto, hoje a região está toda plantada e verde.

Ele também destaca a simplicidade do manejo e dos cuidados com a pupunha, comparada a outras culturas. Uma das vantagens é a economia no uso de fertilizantes e defensivos, já que a planta não atrai pragas.

“É tudo simples, a indústria é toda manual, o corte é manual. Depois todo o resíduo que fica do palmito eu amontoo e jogo na terra. Não tem lixo, todo resíduo do palmito volta para o solo e vira adubo para a própria plantação”, explicou.

Segundo a Embrapa, o Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de palmito do mundo. Em 2018, o país exportou mais de 291 toneladas de palmito, volume que rendeu ao país o montante de US$ 1,64 milhões, de acordo com dados da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura.

Sistema de Produção de Pupunheira para palmito

Histórico

Os registros apontam que o hábito de consumo de palmito a partir da Juçara existe desde o período colonial com os indígenas e populações ribeirinhas. Segundo o pesquisador da Embrapa Florestas, Álvaro Figueredo, a comercialização do palmito produzido a partir da Juçara foi intensa até meados da década de 1970, mas perdeu força como matéria-prima depois da introdução da pupunha, que leva menos tempo para produzir o palmito.

“A palmeira Juçara sempre foi matéria-prima para preparar aquele palmito que vem envasado no vidro. Mas, o que ocorreu com essa palmeira? Ela é unicaule, quer dizer, quando corta ela morre e há necessidade de ser feito um outro plantio. E ela só vai estar pronta para um novo corte dentro de três, quatro anos. Então, com essa exploração começou a diminuir a oferta da palmeira Juçara na Mata Atlântica”, explicou Figueredo.

A escassez da Juçara levou os agricultores a buscarem outras alternativas de produção de palmito. E a fonte veio de outro importante bioma brasileiro: a Amazônia. Na floresta amazônica, o açaí foi a solução encontrada para substituir a palmeira da Mata Atlântica. E ainda na década de 1980, começaram os trabalhos com a pupunha, nativa da Amazônia Peruana.

“A vantagem da pupunha é que ela é uma palmeira que tem um caule específico, que perfila e forma filhotes, igual a uma bananeira. Então, é possível o produtor cortar essa palmeira ao longo do ano e de vários anos. Enquanto a Juçara demora em torno de três anos pra ter um palmito disponível, a pupunha leva a partir de 15 meses de idade”, explicou o pesquisador.

Outra característica da pupunha destacada por Figueredo é que ela não escurece, podendo ser comercializada in natura, o que despertou o interesse de chefs de cozinha para diversificar o cardápio dos restaurantes. “Nós sabemos que a participação no mercado está aumentando e que hoje tem uma boa aceitação. Inclusive, a Embrapa está editando um livro de receitas de palmito, porque há uma demanda de chefs e cozinheiros”, comentou.

A Embrapa estima que o Brasil tenha em torno de 30 mil hectares de palmito plantados, sendo que 20 mil hectares são de pupunha. Há registro de grupos trabalhando com a nova palmeira em Santa Catarina, Paraná, Vale do Ribeira (SP), Goiás e Bahia, entre outros.

Fonte: Notícias Agrícolas 

Palmeira pupunha se destaca como matéria-prima do palmito